Qualidade de Vida no Trabalho: Realidade ou Marketing?

Este espaço tem o objetivo de olhar criticamente o que hoje está sendo chamado de QVT (Qualidade de Vida no Trabalho), procurando discutir questões como:
- a qualidade de vida dos funcionários é realmente uma preocupação das organizações na atualidade?;
- "qualidade de vida" é um conceito consensual a todos os funcionários ou ele dependeria da visão de mundo de cada um? Nesse caso, teriam as organizações meios para identificar e atender essa demanda de forma de não massificada?;
- QVT é apenas um discurso, uma estratégia de marketing das organizações buscando melhorar a imagem perante a sociedade ou existem medidas que efetivamente estão sendo tomadas? Em caso positivo, até que ponto essas ações seriam capazes de motivar ou reter os funcionários?

Livro texto escolhido para ajudar nas reflexões sobre esse blog:

LIMONGI-FRANÇA, ANA CRISTINA. Qualidade de Vida no Trabalho – QVT: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. São Paulo: Atlas, 2001.

Resenha: Capítulos 1 e 2

A autora aborda o assunto Qualidade de Vida no Trabalho a partir de um histórico das relações homem/trabalho desde a escola de Taylor até nossa sociedade atual, fazendo importantes reflexões e fazendo conexões com diversas áreas das ciências humanas, agrupando todas essas dimensões em que o assunto é tratado em três escolas: Escola Socioeconômica (que afirma que novos paradigmas das ciências sociais estão surgindo diante dos paradoxos da sociedade atual), Escola Organizacional (que aborda questões relativas ao ambiente interno da organização) e a Escola Condição Humana no Trabalho (que parte do princípio de que o ser humano é um complexo biopsicossocial, ou seja, vê o homem sob as dimensões biológica, psicológica e social).
Fica claro que QVT é algo que vai muito além de um modismo ou de algumas práticas superficiais adotadas por algumas empresas e que a devida atenção e importância dada ao tema é com certeza um diferencial competitivo para a organização; daí a importância de construir uma nova competência na gestão das empresas: a GQVT (gestão da qualidade de vida no trabalho).
Essa competência é construída a partir dos fatores críticos: conceito de QVT (visto sob a ótica da ergonomia, de abordagens clínico-verbais, da Dort, dos fatores psicossociais, da legislação e programas de segurança e saúde do trabalho, de ciclos de trabalho), produtividade (e suas relações com: a dimensão humana, a qualidade, a competitividade, a tecnologia e o conhecimento), legitimidade (fatores que dão legitimidade às práticas empresariais), perfil do gestor (reflexões sobre o perfil do gestor), práticas e valores nas empresas (exemplos de empresas ou instituições que praticam, publicam, vendem, discutem e/ou pesquisam o tema QVT) e; como consequência desses fatores a nova competência (que, segundo a autora, “procura incorporar as revoluções conceituais, idéias inovadoras e novas formas de administrar”).
O texto ainda apresenta um quadro onde são relacionados alguns autores, suas idéias inovadoras e suas obras mais importantes, ligadas à administração. É uma rica fonte de busca para pesquisas. Chama a atenção o fato de não constar dessa lista nenhum nome brasileiro.
Outro quadro apresenta alguns sites de órgãos ou instituições ligados à QVT e de empresas com práticas ligadas ao tema, sendo também uma boa fonte de pesquisas para quem quiser se inteirar mais do assunto.
Apresentando todas essas interfaces da gestão da Qualidade de Vida no Trabalho a autora consegue demonstrar o quão vasto e complexo é o assunto e que ele pode ser abordado por inúmeros aspectos, ligados a várias ciências, sendo fundamental à administração de empresas.
Como estímulo ao estudo e à pesquisa sobre QVT, cito o pesquisador e empresário Bruno, citado no texto da autora. Ele diz que “o passaporte para o futuro não está nos livros ou nos conhecimentos descritos, mas na possibilidade de produzir a própria visão, aprender, reaprender, e inserir-se dinamicamente nesse `mundo em construção´. Enxergar, aprender, desaprender, reaprender."

Resenha do capítulo 3:
Neste capítulo a autora fala sobre algumas experiências práticas em campos de atuação da Gestão da Qualidade de Vida.
A primeira experiência citada é a Rede de Estudos em Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (REG-QVT). No livro, são descritas mais de 20 reuniões. Tratam-se de reuniões que ocorrem periodicamente na Faculdade de Economia e Administração da USP, onde são discutidos assuntos relacionados a qualidade de vida no trabalho sendo os participantes especialistas, pesquisadores e interessados pelo assunto. As reuniões são gratuitas, acontecem desde 2000. A próxima, que será a de número 55, cujo tema será "Impactos da GQVT na Longevidade". Maiores informações podem ser acessadas pelo site do Projeto G-QVT
.
A
segunda experiência trata das conexões internacionais da REG-QVT, onde são citadas várias instituições internacionais como a American Psychosomatic Society (Califórnia), The Great Place to Work Institute, Universidade de Tilburg (Holanda), entre outras; e também nacionais, como a ABQV - Associação Brasileira de Qualidade de Vida, Associação Brasileira de Ergonomia-Abergo, entre outras, que interagem com a rede.
A
terceira experiência relatada é o Curso Avançado em Gestão Empresarial de Qualidade de Vida (CAGE-QV), lançado em abril de 1999, que era realizado em 60 horas, com 30 participantes, cujo corpo docente era formado por professores doutores da USP, da PUC e da FGV e também por empresários e consultores. Um dos objetivos desse curso era viabilizar uma especialização que hoje já existe: Capacitação para Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho, um curso de especialização cuja coordenadora é a autora deste livro.
A quarta e última experiência citada no texto são os Indicadores BPSO-96 e a visão dos executivos do MBA - RH (FIA-FEA-USP) sobre Qualidade de Vida no Trabalho. Trata-se de análise de respostas de 60 alunos dos cursos de 1999 e 2000 para as seguintes questões: 1) Defina o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho; 2) Descreva as atividades de QVT desenvolvidas em uma empresa; 3) indique os aspectos positivos dos programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e 4) indique os aspectos que devem ser melhorados nos programas de QVT. Essas respostas foram agrupadas e tiveram classificação biopsicossocial (BPSO-96 - Biológico, Psicológico, Social e Organizacional). Entre elas as da quarta questão, principalmente, são muito interessantes. Nelas os alunos descrevem alguns aspectos como: atendimento individual inadequado, programas não integrados, falta de recursos, programas superficiais, entre outros ligados a valores e práticas ligadas à QVT.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Matéria 3

Matéria: Para Reter a Geração Y é preciso mudar, publicada originalmente em www.gazetamercantil.com.br, disponível em http://www.abqv.org.br/noticia.php?id=360

Resumo: A matéria cita um estudo realizado pelo instituto Great Place to Work que identificou as 50 empresas mais valorizadas por seus empregados, focando nos empregados com menos de 25 anos (considerados como a Geração Y) e indicando o que eles desejam de uma empresa. Nas consideradas "mehores empresas" os jovens (86%) disseram que o ambiente é bom e que valorizam o companheirismo e o trabalho em equipe. Outros aspectos citados foram a confiança no chefe, orgulho de trabalhar na empresa (identificação com a companhia e com o trabalho que executam), sentimento de que são tratados como pessoas e com justiça. Segundo o estudo, essas são dicas para empresas que encontram dificuldades para reter ou atrair os melhores talentos.

Considerações:
É interessante notar que os jovens estão valorizando mais que apenas um bom salário para decidir sobre a empresa onde querem trabalhar (principalmente aqueles que, devido ao talento, podem às vezes serem disputados por várias empresas) e que eles valorizam o tempo livre (para eles não existe só o trabalho), mesmo que não tenham família. Nota-se a valorização de questões como: bom ambiente de trabalho, tratamento justo (não apenas no que se refere ao salário), confiança no seu superior, etc... citadas no estudo, são questões diretamente ligadas à qualidade de vida. Isto pode fazer com que as empresas voltem sua atenção para questões como essas, oferecendo um melhor ambiente de trabalho para todos os trabalhadores.

5 comentários:

Inovação disse...

Achei o tema “Qualidade de vida no trabalho” muito interessante, pois retrata
a grande preocupação das empresas atualmente, mostrando que hoje o trabalhador não está preocupado somente com uma boa remuneração, mas
também com o ambiente organizacional.
As empresas que adaptaram uma gestão participativa são também as que mais
atraem esses trabalhadores, pois seus ambientes são tranqüilos, as decisões
são descentralizadas, o chefe ouve mais o funcionário, o trabalhador tem mais autonomia, essas características tem grande influência na motivação dos funcionários e traz maior produtividade para a organização e na qualidade de vida para o trabalhador.
Marcele Ch. Rossi de Mattos (Aluna do ADM.EAD, Turma 02)

ml disse...

Maria Luiza Xavier Soares, aluna Adm Ead - Turma 6.
O tema escolhido é atualissimo e de grande importância. Estamos vivendo em meio a grandes pressões e, felizmente, as empresas estão atentando para o fato de que a produtividade não depende somente do esforço e do trabalho, mas, também, do descanso e de cuidados com a vida pessoal. Estudos levaram à conclusão de que a produtividade aumenta em até 60% quando se passa a alternar momentos de trabalho e lazer. Hábitos saudáveis refletem no dia-a-dia, e os prazeres da vida nos dão motivação para trabalhar melhor. Sem dúvida trabalhar intensamente é inevitável em função do mercado acirrado que exige cada vez mais agilidade, mas é preciso reservar um tempo para a família ou atividades pessoais.
Somos todos arrastados pela onda do capitalismo, mas este ritmo pode levar a um alto nível de estresse e outros distúrbios mentais, portanto, esta é uma questão humanitária e as empresas que estão focando este problema, buscando melhores condições para suas equipes, estão de parabéns e monstram que por trás destas atitudes certamente encontram-se empresários (pessoas) de muita dignidade.

ml disse...

Maria Luiza Xavier Soares, aluna Adm Ead - Turma 6.
O tema escolhido é atualissimo e de grande importância. Estamos vivendo em meio a grandes pressões e, felizmente, as empresas estão atentando para o fato de que a produtividade não depende somente do esforço e do trabalho, mas, também, do descanso e de cuidados com a vida pessoal. Estudos levaram à conclusão de que a produtividade aumenta em até 60% quando se passa a alternar momentos de trabalho e lazer. Hábitos saudáveis refletem no dia-a-dia, e os prazeres da vida nos dão motivação para trabalhar melhor. Sem dúvida trabalhar intensamente é inevitável em função do mercado acirrado que exige cada vez mais agilidade, mas é preciso reservar um tempo para a família ou atividades pessoais.
Somos todos arrastados pela onda do capitalismo, mas este ritmo pode levar a um alto nível de estresse e outros distúrbios mentais, portanto, esta é uma questão humanitária e as empresas que estão focando este problema, buscando melhores condições para suas equipes, estão de parabéns e monstram que por trás destas atitudes certamente encontram-se empresários (pessoas) de muita dignidade.

http://rsaead.blogspot.com disse...

Realmente é um assunto muito atual e interessante. A equipe soube trabalhar o tema de forma simples e objetiva, muito acessível e de fácil compreensão por qualquer pessoa que acesse o conteúdo. Percebi um errinho de digitação, outro de concordância, mas definitivamente, nada tenho a dizer que possa diminuir o mérito do grupo. Blog muito bem estruturado, extremamente legível e em conformidade com o que tenho lido sobre o tema. Afinal, é importante mostrar que os jovens não são mais aqueles "rebeldes sem causa" e que o pecuniário está ficando em segundo plano... Estão de parabéns. (Fernanda Azalim - Aluna AdmEad - Turma 6)

Unknown disse...

A equipe soube trabalhar bem esse tema tão importante e atual. Achei o blog muito bem estruturado, de fácil leitura e compreensão por qualquer pessoa que acesse o seu conteúdo. Notei dois errinhos (um de digitação outro de concordância), mas nada que possa vir a diminuir o mérito do grupo. Muito importante vocês terem mostrado esse lado do jovem, que deixou de ser aquele "rebelde sem causa" e que passou a ter outros interesses no ambiente organizacional, de forma a colocarem a recompensa pecuniária em segundo plano. Muito legal. Estão de parabéns. (Fernanda Azalim - Aluna AdmEad - Turma 6)